Integrados sim, mecanizados e substituíveis não

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| sábado, 14 de novembro de 2009

Como sempre começo falando diretamente com você que lê. Esse texto nasceu de uma longa observação, não totalmente aqui abordada, é mais um resumo, mas serve para que vejam o quero dizer com relação ao modo de vida superficial que vemos hoje. Espero que gostem
Como sempre observando, reafirmei uma conclusão a qual já havia chegado há tempos, estamos nos mecanizando. Tudo a nossa volta, a nossa rotina, carga horária e, principalmente, mídia, nos levam a trilhar um labirinto, onde nunca ampliamos horizontes, onde nunca podemos olhar a não ser para os lados, sempre buscando uma saída, que nunca achamos, para um problema que normalmente é feito para que não haja saída.
Aqui vejo espaço para reavivar minhas ideias abordadas no meu primeiro texto “abrindo os olhos” e no texto onde falo sobre o mito da caverna, “ofuscando os olhos”, onde nos limitamos, ou muitas vezes nos deixamos limitar. Observando com muita frieza posso ver que temos a seguinte PROGRAMAÇÃO, nascer, estudar para realizar uma função (até onde sei busca-se conhecimento pelo prazer, ou pelo menos devia ser assim), realizar essa função e depois esperar nossas peças falharem, se desgastarem pouco a pouco até que... apagamos.
Onde estão nossos propósitos? Vivemos por que queremos ou sempre estamos querendo por que não vivemos? Somos levados a pensar que nossos questionamentos são bobagens, que não vão levar a nada, induzidos a não pensar, apenas executar. Comportamos-nos como se tivéssemos nascido para isso apenas para servir, ando pela rua e vejo uma ambulância indo socorrer alguém e inevitavelmente penso “lá vão eles concertar mais uma peça”.
Como abrir os olhos ou ofuscá-los se diariamente somos vendados e anestesiados? A lágrima que escorre nos nossos rostos de tanto rir com a piada da TV, poderia ser de tristeza se descobríssemos que na verdade rimos de nós mesmos, feitos de tolos e enganados. E riríamos até cair no chão ao ver na mesma TV candidatos achando que nos convenceriam com suas falsas promessas, isso sim seria de matar de rir.
Afogamos-nos em trabalho e quando lidamos com a vida não sabemos o que fazer, mas a vida de verdade não a que o fantástico ou a rede globo como um todo tenta nos fazer crer que é uma vida. Começando um dia vendo Ana Maria Braga falando com um papagaio de espuma e ensinando a fazer pratos sofisticados uma nação onde muitos mal tem um pão e muitas vezes para toda uma família, encerramos o dia com o William Boner nos pedindo para acessar o site e votar para saber se Obama olhou ou não pro rabo de uma estudante e iniciamos a semana com Fausto Silva nos fazendo grudar na frente da TV e acreditar que a “dança dos famosos” é algo importante. Por que não dar nome aos bois?
“Não penso, não existo, só assisto”. Somos pautados pelo que usamos e vestimos, viramos garotos propaganda que trabalham de graça e somos levados a crer que isso é bom, repetimos ideias dos outros sem filtrá-las e dizemos que temos opinião. Como sempre nos concentramos na casca, sem querermos nos aprofundar, nos contentamos com aquilo que nos é mostrado. Hoje vivemos achando que conhecemos lugares e gente sem sair de casa, pela tela de um computador. Pra que sair, pra descobrir novas coisas, novas sensações e ver a vida de outra forma? Não, isso é perigoso (não para nós), é o que disfarçadamente nos dizem.
Nossa liberdade vem junto com proporcional responsabilidade, mas até onde sou livre? O que me faz deixar que um “governante” me diga o que fazer e aja como se estar naquele cargo fosse um legitimo direito dele? Esquecemos que eles nos representam, que nós é que os colocamos lá, que não fazemos parte de uma manada, que eles é quem devem trabalhar para nós e que eles por si só não formam uma nação. Devemos fazer nossa parte e parar de esperar que as coisas se resolvam por conta própria, por milagre ou qualquer outra razão impossível que apenas serve para nos eximir de culpa e responsabilidade. Não devemos nos “acomodar com o que incomoda” (TM).
P.S. : A frase “não penso, não existo, só assisto” vi num desenho mural (grafite se assim quiser chamar) onde, bem simbolizado, havia um homem sentado numa cadeira e no lugar de sua cabeça havia a logo da rede globo. Não sei quem é o autor.

Rodrigo
 

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